A expansão da indústria automotiva na China está impulsionando a demanda por couro e beneficiando o Brasil. No primeiro semestre deste ano, o país asiático foi o destino de 40% dos couros e peles exportados pelos curtumes brasileiros, usados principalmente na fabricação de estofados para carros elétricos. Com essa procura aquecida, o setor espera fechar o ano com crescimento em relação a 2023, mesmo enfrentando pressão nos valores de venda devido à alta oferta.
Entre janeiro e junho, a China adquiriu 39,17 milhões de metros quadrados de couros e peles, um aumento de 33,3% em comparação ao mesmo período do ano passado. Essas compras representaram 29,9% do faturamento das exportações brasileiras de couro. José Fernando Bello, presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), explicou que a produção chinesa de automóveis e calçados, reduzida durante a pandemia, voltou à normalidade, impulsionando o consumo.
Embora o couro brasileiro não esteja entre os melhores do mundo em qualidade, devido à prática de marcar o gado com ferro, ele atende bem aos setores moveleiro, automotivo e calçadista no mercado internacional. Cerca de 80% do couro produzido no Brasil é exportado. Em 2024, com abates de bovinos em nível recorde, houve um aumento na oferta de subprodutos como couro e sebo. Dados do IBGE indicam que, no primeiro trimestre, os curtumes receberam 9,32 milhões de peças inteiras de couro cru, um aumento de 19,9% em relação ao ano anterior.
O CICB intensificou a busca por compradores no mercado externo. Além da China, o Vietnã destacou-se ao dobrar suas importações de couro brasileiro. Houve também avanços significativos nas vendas para Itália, México e Tunísia. Embora as compras dos Estados Unidos tenham diminuído, o país continua sendo um mercado relevante, responsável por 13,4% da receita das exportações.
No primeiro semestre, o setor registrou uma alta de 15,4% no faturamento das exportações, totalizando US$ 650,076 milhões, impulsionado por crescimentos na área e volume embarcados. Bello destacou que o câmbio deve aumentar a competitividade do couro brasileiro neste semestre, embora o dólar alto eleve os custos devido à importação de insumos químicos e máquinas.
Apesar das maiores despesas, o CICB espera um crescimento de 15% na receita com vendas externas e de 25% nos volumes em 2024. No ano passado, a receita alcançou US$ 1,117 bilhão com o embarque de 430,63 mil toneladas de couros e peles.
Uma fonte da indústria frigorífica expressou preocupação com a alta produção de couro, que tem pressionado os preços de venda. De acordo com Alcides Torres, diretor da Scot Consultoria, os preços do couro estão estáveis, com alguns avanços no Rio Grande do Sul. A preocupação do setor para o próximo ano é a nova lei da União Europeia, que exigirá rastreabilidade total da cadeia e proibirá a importação de produtos ligados ao desmatamento a partir de janeiro.
fonte: Diarural